Mulheres com mamas densas podem ter dificuldade no diagnóstico precoce de câncer de mama

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Mulheres com mamas densas podem ter dificuldade no diagnóstico precoce de câncer de mama

O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no Brasil e no Mundo. Há evidências de que a forma mais eficaz de reduzir a mortalidade causada pela doença é com a realização do rastreamento mamográfico. No entanto, algumas características, como mamas densas, podem dificultar o diagnóstico precoce do câncer de mama se realizada apenas a mamografia.

 

De acordo com um artigo de Habib Rahbar, Jamie Lee e Cristoph Lee, publicado na edição de julho do Journal Of Clinical Oncology, o desempenho da mamografia em pacientes com mamas densas pode levar a exames inconclusivos.

 

Isso ocorre devido à limitação do próprio aparelho em relação ao tecido fibroglandular.

 

O estudo sugere que essa mesma dificuldade de diagnóstico com a mamografia acomete mulheres com antecedente de câncer de mama, devido às alterações provocadas pelo tratamento realizado, como cirurgias e radioterapia.

 

A mastologista Simone Elias, pós-doutora em Radiologia Clínica e orientadora do Programa de Pós –Graduação em Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, fez uma análise deste estudo e conta alguns detalhes de como esse rastreamento deve ser feito para diagnóstico precoce da doença.

 

Novas técnicas para rastreio do câncer de mama

 

A previsão é de que 276.480 novos casos de câncer de mama sejam registrados e 42.170 pessoas morram desta doença só no ano de 2020.

 

Felizmente, as evidências em inúmeros ensaios clínicos comprovam que o rastreio, independente de histórico pessoal ou familiar de câncer de mama, é essencial para a detecção precoce da doença, colaborando para a redução da taxa de mortalidade.

 

Para isso, é necessário que a mamografia seja realizada com uma frequência anual a partir dos 40 anos.

 

O artigo publicado no Journal Of Clinical Oncology descreve que a mamografia é menos sensível em pacientes com mamas densas, assim como tem precisão menor em sobreviventes de câncer de mama.

 

A mamografia 3D é a que tem sido mais usada para melhorar a precisão da mamografia entre todas as mulheres, especialmente naquelas com mamas densas.

 

Outra técnica considerada pelo estudo publicado é a ressonância magnética com contraste, incluindo a ressonância magnética abreviada (também chamada de fast RM).

 

Essa modalidade pode ser usada de forma suplementar para aumentar as chances de identificação precoce do câncer em pacientes com mamas densas.

 

 

 

O que são mamas densas?

 

Mama densa é uma característica da mama que apresenta maior proporção de tecido fibroglandular nos seios do que em relação ao tecido gorduroso.

 

A característica de mamas densas é um fator de risco para o câncer de mama.

 

A mulher que apresenta a mama densa, ou seja, com grande proporção de tecido fibroglandular, tem quatro vezes mais chances de desenvolver a doença que uma mulher que tem mamas lipossubstituídas – predominância de gordura.

 

A mama densa é diagnosticada através da mamografia.

 

Além de a paciente com mamas densas apresentar um fator de risco independente para o câncer de mama, é comum ter dificuldade no momento do diagnóstico e um bom resultado de exame na mamografia.

 

Ainda que todas as etapas em prol da qualidade do exame sejam respeitadas (posicionamento, equipamento e relatório de equipe especializada), o tecido fibroglandular impacta diretamente na precisão do raio-X, devido a uma limitação do próprio método (mamografia).

 

Portanto, deve-se considerar outras formas de rastreio para um estudo complementar desta paciente.

 

 

Rastreamento diferenciado para casos de mamas densas

 

O rastreamento multimodal como é denominado, já é realidade em alguns determinados grupos de mulheres que precisam maior cuidado devido a seu risco aumentado.

 

Mulheres de alto risco já associam mamografia e ressonância. Nos casos de mulheres com histórico de câncer de mama ou mamas densas, é sugerido fazer a mamografia e a ultrassonografia.

 

No entanto, uma série de questões dificulta a aplicação prática clínica desse rastreamento.

 

Uma delas é a qualidade dos exames que muitas vezes não é satisfatória.

 

Isso faz desencadear outros problemas como resultados falso-positivos e um alto custo para os pacientes decorrente de inúmeros exames, biópsias, excesso de diagnósticos e tratamentos.

 

As evidências da pesquisa publicada no Journal Of Clinical Oncology defendem a ressonância magnética como primeira ferramenta complementar no rastreamento de mulheres de alto risco – como as que têm mamas densas.

 

O estudo coloca também a ultrassonografia como alternativa, embora esta última apresente uma menor taxa de detecção do câncer.

 

Mamografia é essencial para mulheres com mais de 40 anos

 

De acordo com o Ministério da Saúde, o rastreio mamográfico deve ser feito a cada dois anos por mulheres entre 50 e 69 anos, idade em que o câncer de mama é predominante.

 

No entanto, entidades médicas como Sociedade Brasileira de Mastologia, Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e Colégio Brasileiro de Radiologia sugerem mamografia anual a partir dos 40 anos.

 

O câncer genético ou familiar é minoria nos casos (cerca de 10%). No entanto, esse grupo de mulheres deve ser orientado a realizar um rastreamento personalizado.

 

Isso inclui as mulheres que tenham histórico familiar como de câncer de mama ou ovário, histórico da doença na família quando jovens (antes dos 45 anos) e principalmente quando acomete parentes de 1o. Grau.

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